COMO ESCOLHER O VEÍCULO CERTO PARA O TRANSPORTE DE UMA CARGA INDIVISÍVEL
O transporte de cargas indivisíveis — como transformadores, pás eólicas, vigas metálicas ou tanques industriais — exige planejamento técnico rigoroso. Um dos pontos mais críticos da operação é a escolha do veículo ideal, que deve considerar não apenas o peso e as dimensões da carga, mas também os limites estruturais das vias e os requisitos legais para obtenção da Autorização Especial de Trânsito (AET).
A seguir, os principais critérios técnicos e estratégicos que devem ser observados:
1. Capacidade de Carga do Veículo
O primeiro passo é garantir que o veículo suporte, com segurança, o peso da carga. Isso não se limita à capacidade nominal, mas inclui a distribuição do peso por eixo, de modo a atender aos critérios técnicos definidos pelos órgãos rodoviários (DNIT, DERs e concessionárias), que analisam a capacidade das pontes e pavimentos envolvidos no percurso.
2. Menor PBTC Possível
A escolha do veículo deve buscar minimizar o Peso Bruto Total Combinado (PBTC). Um PBTC elevado:
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Pode inviabilizar rotas com pontes limitadas,
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Aumenta o custo com tarifas adicionais de pedágio (TAP) e serviços de acompanhamento,
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Exige mais eixos, o que amplia o custo operacional e a complexidade da movimentação.
Sempre que possível, opte por veículos e carretas com estrutura mais leve, mas com capacidade estrutural compatível com a carga.
3. Altura Final do Conjunto
No Brasil, as principais limitações de rota para cargas indivisíveis estão relacionadas ao gabarito vertical: viadutos, passarelas, galerias e redes aéreas de energia. Por isso, é essencial reduzir ao máximo a altura da composição.
???? Preferência por carretas rebaixadas, plataformas tipo "low bed" ou linhas de eixo com altura reduzida.
???? Evitar o uso de cavalos mecânicos com suspensão alta ou pneus grandes quando não necessário.
4. Comprimento e Largura Final
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O comprimento máximo permitido sem AET para combinações tipo cavalo + semirreboque com até 4 eixos é 19,30 m, conforme a Resolução CONTRAN nº 882/21.
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A largura máxima sem AET é 2,60 m, e a altura máxima sem AET é 4,40 m.
Se qualquer uma dessas dimensões for excedida (o que é comum no transporte de cargas indivisíveis), será necessária AET, e os órgãos rodoviários avaliarão se a infraestrutura comporta o conjunto.
Além disso, o comprimento total do conjunto influencia diretamente a capacidade de manobra em áreas urbanas, trevos e acessos logísticos.
5. Compatibilidade com a Capacidade da Via
Antes de definir o veículo, é fundamental analisar a rota:
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Pontes e viadutos com restrição de peso ou altura;
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Raio mínimo de curva e largura de faixa útil;
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Obras de arte especiais, pavimento, declividade e traçado da via.
A configuração veicular deve se ajustar à rota mais viável, não o contrário. Em muitos casos, uma carreta com menos eixos e maior capacidade estrutural é preferível a um conjunto longo que comprometa a manobrabilidade ou exija intervenções estruturais.
6. Custo e Disponibilidade do Equipamento
Veículos mais especializados — como linhas de eixo, carretas hidráulicas ou pranchas com direção forçada — têm custo elevado e logística de retorno complexa. Sempre que a carga permitir, é preferível usar:
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Prancha reta (mais barata e disponível),
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Semirreboques convencionais ou rebaixados de série.
Mas, se a carga exigir, o investimento em carreta especial se justifica — desde que viabilize a operação em termos de rota, segurança e AET.
7. Conformidade Legal
Mesmo com a obtenção de AET, o conjunto deve:
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Atender aos requisitos de sinalização e segurança (placa de advertência, iluminação, batedores, etc.);
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Estar com motorista habilitado e com curso de transporte de cargas indivisíveis, quando exigido;
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Utilizar veículos registrados e homologados para esse tipo de operação.
? RESUMO PRÁTICO:
Menor PBTC, menor altura, menor complexidade veicular e maior aderência à infraestrutura da rota: esse é o combo ideal.
A decisão técnica deve sempre buscar o ponto de equilíbrio entre viabilidade legal, segurança operacional e custo logístico. A escolha equivocada do veículo pode inviabilizar uma operação inteira — ou torná-la economicamente desastrosa.